Após epidemia na Ilha da Reunião, casos de chikungunya crescem na França e preocupam autoridades
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Com a proliferação do mosquito tigre na França, os casos de chikungunya vêm crescendo rapidamente no país. Esse aumento já era esperado após meses de epidemia na Ilha da Reunião, no Oceano Índico, e com a chegada do verão na Europa em junho, que favorece a reprodução do inseto. Mas o rápido avanço da doença preocupa as autoridades francesas.
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Taíssa Stivanin, da RFI em Paris
Em 26 de agosto, 30 focos de transmissão local de chikungunya foram identificados no sul da França, segundo a agência de saúde francesa Santé publique France. Até esta data, foram registradas 228 infecções.
Segundo a infectologista Émilie Mosnier, especialista em saúde pública que atua no hospital universitário de Saint-Pierre, na ilha da Reunião, a estimativa é que cerca de 40% da população da ilha tenha sido contaminada, embora apenas 55 mil casos tenham sido confirmados. As condições climáticas, aliadas à densidade populacional e à quantidade de mosquitos, determinam a intensidade das contaminações, explicou à RFI Brasil.
O aquecimento global também contribuiu para a disseminação do vetor. “O Aedes albopictus, nome científico do mosquito tigre, se espalhou graças à globalização e ao transporte de pneus usados em navios", diz a especialista. "Foi assim que as larvas se disseminaram pelo mundo. O aquecimento global favorece a reprodução do mosquito em áreas cada vez maiores, e hoje ele está presente praticamente em toda a França”, diz.
Educação à prevenção
O mosquito tigre chegou ao país em 2008 e se disseminou por todo o território francês. Como a circulação entre a França e os territórios ultramarinos é intensa, o surgimento de epidemias como a de chikungunya já era esperado. “É um risco cada vez maior e deve ser enfrentado coletivamente. A população precisa ser informada para evitar a reprodução do mosquito em áreas residenciais, reduzindo o risco de epidemias de chikungunya, mas também de dengue e zika”, ressalta a infectologista.
Evitar recipientes com água parada, por exemplo, já é um hábito no Brasil, mas ainda não é comum na França, exemplifica. “Os brasileiros estão mais avançados. A luta contra vetores faz parte da memória do país, já que, na região amazônica, ainda há risco de malária. Existe uma consciência do risco associado ao mosquito. Além disso, o Brasil lançou campanhas educativas e publicitárias.”
A infectologista, que também desenvolveu projetos na fronteira entre os dois países, destaca que a educação sobre a doença é visível nas escolas do Brasil. “As crianças brasileiras sabem o que é um mosquito e conhecem as doenças que ele pode transmitir.”

A chikungunya pode causar febre alta, dores no corpo, na cabeça, atrás dos olhos, manchas vermelhas, coceira, cansaço, entre outros sintomas. A doença também pode ser assintomática. Existe também a forma crônica da chikungunya, que surge após a fase aguda da infecção e atinge cerca de 30% dos pacientes.
Isso faz com que o impacto socioeconômico da chikungunya seja maior do que o da dengue, já que os sintomas persistentes muitas vezes obrigam os pacientes a se afastar do trabalho. “São sintomas que provocam dores articulares incapacitantes, que podem durar meses ou até anos.”
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